terça-feira, 17 de agosto de 2010

Adorar de perto

Deus havia libertado Israel da escravidão egípcia. Sob a liderança de Moisés, os judeus haviam atravessado o mar Vermelho e no terceiro mês acampavam no deserto do Sinai, onde receberam os Dez Mandamentos e onde foi firmada a aliança da Lei. Dentro desse contexto lemos algo muito notável acerca da adoração no Antigo Testamento: "Disse também Deus a Moisés: Sobe ao Senhor, tu, e Arão, e Nadabe, e abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe. Só Moisés se chegará ao Senhor; os outros não se chegarão, nem o povo subirá com ele" Êx. 14:1-2.  "Adorai de longe" poderia estar escrito sobre o tempo da Lei, sobre todo o Antigo Testamento. Em nenhuma das ordenanças da Lei encontramos alguma conclamação para o povo se aproximar de Deus. "chegar a Deus" - essas palavras eram incompatíveis com a Lei do Sinai. Somente com a morte e ressureição de Jesus elas se tornaram uma realidade possível. A palavra "longe" é tão característica da Lei como é característica a conclamação de nos aproximarmos de Deus feita pelo Evangelho. Sob a Lei jamais foi realizada alguma obra que tivesse dado ao pecador chagar-se a Deus.

Apenas Moisés podia se aproximar do Senhor, enquanto seu irmão Arão, seus dois filhos e os setenta anciãos tinha de adorar de longe. O caminho para a presença de Deus ainda não estava aberto. Mas o que já havia era uma série de indicações prévias do caminho futuro. Pensemos no cordeiro pascal no Egito e também nos holocaustos pacíficos, cujo sangue Moisés aspergia sobre o povo (Êx. 24:8). O sangue de animais, porém, não pode remover pecados (Hb. 10:4). Por essa razão, encontramos em todo Antigo Testamento a tão necessária distância entre o Deus santo e justo e seu povo pecador.

No Novo Testamento procuraremos em vão pelo "de longe", pois isso agora faz parte do nosso passado:
"naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo" Ef. 2:12-13.
Sem Cristo ainda viveríamos em nossos pecados, não teríamos perdão e estaríamos longe, sem Deus no mundo. Mas agora, "em Cristo", podemos aceitare usufruir dessa proximidade com Deus pela fé. Na verdade, somente podemos ficar admirando e exultando, agradecendo e adorando! "E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito" Ef.2:17. Alegre-se! Em Jesus temos acesso a Deus não em qualquer templo humano, mas em um só Espírito. Por isso, o texto bíblico encerra o assunto com a garantia: "Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Dus" Ef. 2:19. Em nosso Senhor Jesus Cristo já chegamos em casa. E nesse sentido não somos mais peregrinos ainda a caminho do alvo, mas: "vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito" Ef. 2:22. No Espírito, não no corpo ou na carne. Por isso lemos nos versículos anteriores:
"Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça dois salvos, e, juntamente como ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus" Ef. 2:4-6.

Juntamente, em confiança e fé, podemos aceitar essa realidade, vez após vez.

Sim, ouçamos de maneira renovada o maravilhoso convite que vai muito além do ministério no Templo:
"Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé..." Hb. 10:19-22.


Não esquecemos que, na Antiga Aliança, o sumo sacerdote só tinha acesso ao Santo dos Santos uma vez por ano (no Yom Kippur, Hb. 9: 7), para reconciliar o povo com Deus. Conhecemos o novo e vivo caminho, Jesus Cristo, por meio de quem podemos sempre ter livre acesso ao trono da graça, e por isso devemos ser gratos, trazendo sacrifícios espirituais como sarcedotes reais, adorando nosso glorioso Senhor!
Unidos em Jesus, que nos abriu o caminho para chegarmos a Deus e podermos adorar de perto ao Todo-Poderoso.


Por Dieter Steiger
Publicado na Revista Chamada da Meia-Noite, Julho de 2010, pg. 04.

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