Qual é meu comportamento diante do meu Pai nos céus:
comportamento de escravo ou de filho? Acerca desse assunto, Paulo escreveu aos
cristãos de Roma: “Porque não recebestes
o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o
Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.” (Rm 8:15).
Prestemos atenção à diferença: “espírito de escravidão” fala de serviços que
nem recebem pagamento. Escravos ficavam dentro de casa, mas não faziam parte da
família; trabalhavam duramente enquanto seu senhor os observasse, sempre
tangidos pelo temor de açoites. Tentavam agradar seus senhores, mas não por
amor. Com um filho tudo é diferente! Recebemos o espírito de adoção, e por isso
servimos como filhos, como amor, porque fazemos parte da família, da família de
Deus. Não servimos para agradar à vista, mas de todo o coração. Enquanto um
escravo não vê a causa de seu senhor como sua e apenas cumpre suas obrigações,
o filho se empenha pelos assuntos de seu pai com naturalidade, pois sabe que o pai
o ama!
Os escravos Vivian em medo constante de serem pegos de
castigados. Filhos vivem em liberdade, sabem que são amados pelo pai e aceitam
a disciplina: “Filho meu, não desprezes
a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;” (Hb
12:5). Percebemos a diferença? Escravos eram punidos por suas falhas e
erros; o Pai nos disciplina para nos ensinar, para que aprendemos, para que
sejamos transformados. “Porque aqueles,
na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas
este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.” (Hb.
12:10). Escravos nem queriam
ficar parecidos com seus amos, ao passo que filhos desejam, de todo o coração,
tornar-se semelhantes a seu pai. Na época em que a carta aos Hebreus foi
escrita, os crentes hebreus (judeus cristãos) estavam em perigo de perder de
vista essa maravilhosa realidade. Por isso o alerta: “se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois
então bastardos, e não filhos.” (Hb. 12:8). Filho ou bastardo? O que é
um bastardo? Não é nem uma coisa nem outra, uma infeliz mistura, uma criança
ilegítima.
Não esqueçamos jamais: “que
filho há a quem o pai não corrija?” (Hb. 12:7). Infelizmente essa é uma realidade que o escritor de Hebreus não
poderia considerar óbvia se vivesse nos dias de hoje, pois a correção dos pais
parece minguar a olhos vistos. Basta pensar na onda de educação antiautoritária
que deixava as crianças fazerem o que bem entendiam. Advogava-se o direito da
criança tomar suas próprias decisões desde a mais tenra idade. O resultado foi
uma catástrofe, e voltou-se a falar em limites e regras. Mais o estrago estava
feito, e o que se vê é uma busca desenfreada pela satisfação própria, de pais e
filhos. Aqui se encaixa a pergunta: será que estou satisfeito comigo mesmo,
como estavam os cristãos de Laodicéia, dizendo: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta...” (Ap. 3:17),
ou tenho o ardente desejo de me parecer com meu Senhor e Pai celestial? Será que
oro, pedindo: “Senhor Jesus, transforma-me na tua imagem!”?
Voltando os escravos (servos), vale a pena prestar atenção
aos usos variados dessa palavra nas cartas do Novo Testamento. O apóstolo Paulo
denomina a si mesmo de servo de Jesus
Cristo e os cristãos de Roma de servos da justiça. Como filhos amados e
resgatados por alto preço, antes escravos do pecado, agora não estamos mais
debaixo da Lei, mas nos submetemos à graça. Não somos mais escravos do pecado,
mas escravos da justiça (Rm, 1:1; Rm. 6:12)! Como disse Jesus, “Ninguém pode servir a dois senhores;
porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o
outro...” (Mt 6:24). Neutralidade é possível, e temos de optar. Jamais
poderemos ficar neutros quando se trata de Deus ou do pecado. Por isso, existem
tantas exortações nas epístolas, por exemplo: “Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da
graça? De modo nenhum. Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos
para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a
morte, ou da obediência para a justiça?” (Rm 6:15-16).
“Mas agora,
libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para
santificação, e por fim a vida eterna” Rm 6:22. É assim que vivemos, como
filhos de Deus felizes, mas também como servos e servas do Senhor, e tudo isso
só pela graça!
Por Deiter Steiger
Publicado na Revista Chamada da Meia-Noite, fevereiro de
2012, pagina 4.
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