segunda-feira, 11 de abril de 2011

Validade eterna

Algumas mulheres sofrem muito de enxaqueca. Nossa sobrinha Ester tem repetidos ataque de dor de cabeça. Nestes dias uma mulher que também sobre desse mal me contou que achava que os remédios estavam deixando de fazer efeito, porque, com o tempo, o corpo se acostuma com eles. Nesse caso, não seria o medicamento que está se modificando, mas a reação do corpo da pessoa. Nos acostumamos com muitas coisas. Podemos nos acostumar até com a Palavra de Deus. Ouvimos a Palavra, entendemos o que ela diz, mais isso faz pouco ou nenhum efeito na vida. O devocional diário torna-se uma rotina, um mero exercício religioso. Todos nós conhecemos tempos assim, especialmente os que já são crentes há muitos anos. Com certeza a Palavra de Deus não muda. Ela não tem prazo de validade como os medicamentos. Ela é Palavra viva e válida eternamente.

Então por que existem esses tempos de “secura” na nossa vida espiritual? Pensemos um pouco mais nessa questão. O Senhor Jesus, logo depois de seu sermão no Monte, conta a parábola do homem prudente e do insensato. Podemos imaginar muito bem o insensato zombando do prudente que se esforçava tanto para construir sua casa sobre a rocha. Como se sabe, construir sobre a areia exige bem menos esforço do que levantar uma casa num penhasco. Mas quando veio a provação, a diferença veio à luz! Nossa atitude é superficial ou comprometida? Construímos na rocha firme ou na areia movediça? Ouvir e praticar ou apenas ouvir? Aceitar sinceramente ou rejeitar orgulhosamente?

O escritor da Carta aos Hebreus também usa uma ilustração para chamar nossa atenção: “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada” Hb. 6:7-8. Uma especialista em agricultura poderia nos explicar melhor o significado desse texto. Mas pelo visto a razão da diferença na produção não estava na chuva nem na maneira de cultivar a terra, mas na diferença do solo. O campo onde o semeador semeia pode ter quatro tipos de solo, conforme o Senhor Jesus contou na parábola do semeador. E o seu coração, que tipo de solo é? O que a chuva da Palavra de Deus, aliada à ação do Espírito Santo, produz na sua vida? O apostolo Paulo escreveu aos coríntios acerca desse assunto: “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um” 1 Co 3:12-13. Antes de ficarmos complicando o significado dos materiais nobres que não queimam e dos materiais menos nobres que se queimam na vida cristã, a explicação mais simples e evidente é que o que se queimará, “porque sem mim nada podeis fazer”, disse Jesus (Jo 15:5). O Senhor Jesus também usou essa figura de linguagem quando disse: “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” Jo 15:6.

Israel, o povo da Antiga Aliança, foi comparado pelo profeta Isaías (Is 5:1) a uma vinha infrutífera. O proprietário (Deus) havia feito todo o necessário para que sua vinha desse fruto, mas infelizmente todo o seu esforço foi em vão. O Senhor Jesus usou a figueira sem fruto para ilustrar a inutilidade de Israel e a consequente proximidade do seu juízo (Mt 21:18). Vivemos no final da era da Igreja. O que o Senhor Jesus pode fazer em mim pelo Espírito Santo? O fruto do Espírito “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5:22-23)? Para tanto, usemos diariamente o espelho da Palavra de Deus, para que não nos enganemos mas avaliemos a nós mesmos, não esquecendo da purificação dos pecados de outrora, nos colocando à disposição do Senhor a cada novo dia.

Unidos no Único que pode nos dar uma vida frutífera, uma vida cujos frutos tenham valor eterno.

Por Deiter Steiger
Publicado na revista Chamada da Meia-Noite, fevereiro de 2011, página 4

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